Alterações Comportamentais na Doença de Alzheimer: Uma Abordagem Empática
Entendendo as Alterações Comportamentais na Doença de Alzheimer
As alterações comportamentais na doença de Alzheimer são tão desafiadoras quanto dolorosas para pacientes e familiares.
Como neurologista, vejo diariamente o impacto devastador que essa doença degenerativa, de progressão lenta e crônica, tem sobre aqueles que a vivenciam de perto.
É crucial compreender que os pacientes, especialmente nos estágios iniciais, muitas vezes não têm consciência das mudanças que estão ocorrendo.
Eles podem inventar justificativas para as dificuldades e falhas de memória que começam a apresentar.
Por isso, é vital que familiares e cuidadores estejam atentos aos primeiros sinais, pois um diagnóstico precoce pode significar uma melhor gestão dos sintomas e um retardamento na progressão da doença.
Estratégias para o Manejo das Alterações Comportamentais
As estratégias para lidar com as alterações comportamentais nos pacientes de Alzheimer exigem paciência, compreensão e uma boa dose de criatividade.
Uma coisa é certa: o confronto direto e a tentativa de corrigir as percepções distorcidas do paciente raramente são eficazes e podem até exacerbar os problemas.
Os momentos de agressividade e irritabilidade, por exemplo, tendem a ser mais frequentes em certos períodos do dia, como no final da tarde (fenômeno conhecido como "síndrome do pôr do sol").
Evitar desencadeadores conhecidos, como banhos nesses horários ou insistir em corrigir as distorções de memória do paciente, pode evitar muitas crises.
A Importância do Suporte aos Familiares e Cuidadores
Além do suporte médico e terapêutico aos pacientes, é fundamental oferecer apoio aos familiares e cuidadores.
Esses heróis do cotidiano enfrentam desafios emocionais e psicológicos imensos ao verem seus entes queridos transformados pela doença.
Grupos de apoio e educação sobre a doença podem fazer uma grande diferença em suas vidas.
É essencial lembrar que a paciência, o amor e o cuidado que eles oferecem são vitais, mas eles também precisam cuidar de sua saúde mental e emocional.
Listas de Estratégias Práticas para o Convívio no Dia a Dia
Dicas para Lidar com Alterações Comportamentais:
- Evite confrontos diretos e tentativas de corrigir as percepções distorcidas do paciente.
- Identifique e minimize potenciais desencadeadores de comportamento agressivo ou irritável.
- Utilize distrações e mudanças de foco para evitar ou encerrar comportamentos problemáticos.
Como Apoiar Familiares e Cuidadores:
- Promova a educação sobre a doença para entender melhor os desafios enfrentados.
- Encoraje a participação em grupos de apoio e terapias familiares.
- Lembre-os da importância do autocuidado e da manutenção de sua saúde mental.
A doença de Alzheimer é uma jornada difícil tanto para os pacientes quanto para aqueles que os cercam.
Entretanto, com informação, suporte e compreensão, é possível gerir as alterações comportamentais de forma mais eficaz, trazendo alívio e melhor qualidade de vida a todos os envolvidos.
Dra Thélia Rúbia
Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.
São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!
Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.
Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).