Altas Habilidades: O Que São, Por Que Ainda São Tabu e Como Identificá-las
Altas habilidades ou superdotação ainda são temas pouco discutidos e muitas vezes cercados por mitos e preconceitos.
Apesar de cerca de 5% da população mundial apresentar características de altas habilidades – número que aumenta para até 20% ao incluir talentos em áreas como arte, música e esportes – a identificação e o suporte a essas pessoas são negligenciados em muitos lugares, incluindo o Brasil.
Neste artigo, exploraremos o que são altas habilidades, os desafios enfrentados por indivíduos com esse perfil e por que é essencial que escolas, profissionais de saúde e a sociedade como um todo se preparem para atender às suas demandas.
O Que São Altas Habilidades?
Altas habilidades se referem a indivíduos que possuem um desempenho excepcional em uma ou mais áreas, seja no campo acadêmico, criativo, artístico ou esportivo.
Esses indivíduos têm um desenvolvimento cognitivo acima da média, mas engana-se quem pensa que eles são simplesmente "alunos que tiram boas notas".
Desmistificando o Conceito
Muitas pessoas associam altas habilidades ao famoso "gênio" que revoluciona a sociedade, como Albert Einstein ou Mozart.
Embora todo gênio seja superdotado, nem todo superdotado precisa ser um gênio. Altas habilidades vão além de notas escolares; incluem uma capacidade elevada de resolver problemas, pensar criativamente, ou até mesmo executar atividades físicas ou artísticas com excelência.
Áreas de Altas Habilidades
Os talentos podem se manifestar em diferentes áreas, como:
Intelectual:
Raciocínio lógico, memória e capacidade de resolução de problemas.
Criativa:
Inovação e pensamento original.
Artística:
Habilidades em música, desenho, dança, entre outros.
Liderança:
Capacidade de inspirar e organizar grupos.
Psicomotora:
Talento esportivo ou habilidades físicas excepcionais.
Por Que Altas Habilidades Ainda São Tabu?
Falta de Informação
A sociedade ainda desconhece o que são altas habilidades e como reconhecê-las. Nas escolas, professores geralmente não estão preparados para identificar e atender as necessidades desses alunos.
A formação de profissionais da saúde, como médicos e psicólogos, também não aborda esse tema de maneira profunda.
Muitas vezes, indivíduos com altas habilidades são erroneamente diagnosticados com transtornos como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou autismo, devido a comportamentos atípicos que podem ser confundidos com sinais de outras condições.
Mitos e Preconceitos
Muitas pessoas acreditam que indivíduos com altas habilidades não enfrentam desafios porque são "inteligentes demais".
Esse pensamento desconsidera as dificuldades emocionais, sociais e até mesmo acadêmicas que essas pessoas enfrentam devido à falta de suporte adequado.
Os Desafios de Quem Possui Altas Habilidades
Dificuldades Emocionais e Sociais
Indivíduos com altas habilidades frequentemente enfrentam dificuldades em se adaptar a ambientes que não compreendem ou apoiam suas necessidades.
Isso pode levar a problemas como:
Ansiedade e depressão
A falta de compreensão pode gerar solidão e desamparo.
Dificuldade em fazer amigos
Muitas vezes, superdotados sentem que "não se encaixam" em grupos sociais.
Altos índices de suicídio
Estudos mostram que pessoas com altas habilidades não atendidas têm um risco maior de desenvolver doenças psiquiátricas graves.
Subutilização do Potencial
A falta de programas educacionais voltados para altas habilidades pode resultar na subutilização do potencial desses indivíduos.
Sem estímulos adequados, suas habilidades podem permanecer adormecidas ou até regredir.
Como Identificar Indivíduos com Altas Habilidades
Testes Cognitivos
Um dos métodos mais comuns para identificar altas habilidades é a aplicação de testes de QI, como o WISC (Wechsler Intelligence Scale for Children).
Esses testes avaliam áreas como memória, raciocínio lógico, e velocidade de processamento.
Observação de Comportamentos
Pais e professores podem observar sinais de altas habilidades, como:
- Raciocínio lógico acima da média.
- Curiosidade insaciável.
- Habilidade de aprendizado rápido.
- Tendência à criatividade e inovação.
Áreas de Interesse
Além de habilidades acadêmicas, altas habilidades podem ser identificadas em talentos artísticos ou esportivos.
Nesse caso, é importante que os responsáveis incentivem o desenvolvimento dessas áreas.
Como Apoiar Indivíduos com Altas Habilidades
Educação Personalizada
Escolas devem criar programas específicos para atender às necessidades de alunos superdotados. Isso pode incluir:
Turmas avançadas
Para permitir que os alunos avancem no ritmo adequado.
Atividades extracurriculares
Para explorar áreas de interesse fora do currículo padrão.
Suporte Emocional
É essencial que esses indivíduos recebam apoio emocional, tanto de profissionais quanto de suas famílias. A terapia pode ajudar a lidar com problemas como ansiedade e baixa autoestima.
Estímulo ao Desenvolvimento:
Pais e educadores podem estimular o desenvolvimento das habilidades desses indivíduos por meio de:
- Jogos e desafios cognitivos.
- Incentivo à criatividade, como pintura, música ou escrita.
- Envolvimento em atividades sociais e de liderança.
Altas Habilidades no Brasil e no Mundo
Cenário Global
Países como Japão, Coreia do Sul e Alemanha possuem programas estruturados para identificar e desenvolver altas habilidades.
Esses países reconhecem que indivíduos superdotados são peças-chave para a evolução da ciência, tecnologia e artes.
Realidade no Brasil
Infelizmente, o Brasil ainda está muito atrás nesse aspecto. Faltam políticas públicas e programas educacionais específicos para atender as demandas de alunos com altas habilidades. Como resultado, muitos talentos permanecem desperdiçados.
Conclusão
Altas habilidades não são apenas um privilégio; são um desafio que exige atenção e suporte adequado.
Reconhecer e atender às necessidades desses indivíduos é essencial, não apenas para o bem-estar deles, mas também para o progresso da sociedade como um todo.
Com maior conscientização e investimento, podemos garantir que talentos extraordinários não sejam apenas descobertos, mas também desenvolvidos plenamente.
Afinal, eles são os motores da inovação e do avanço em diversas áreas.
Se você conhece alguém com altas habilidades ou está buscando mais informações sobre o tema, continue acompanhando nosso conteúdo e compartilhe este artigo.
Vamos juntos desmistificar esse assunto e criar um ambiente onde esses indivíduos possam prosperar!
Dra Thélia Rúbia
Especialista em Neurologia e Clínica Médica, mas, acima de tudo, uma médica, antes de ser especialista.
São mais de 20 anos atendendo a especialidade de Neurologia, vendo o paciente em sua integralidade e não segmentado em partes específicas!
Atende com um olhar mais atento a todos os distúrbios, clínicos ou não, e situações, que possam interferir em todas as dores ou queixas neurológicas, que o paciente possa apresentar.
Fez Residência Médica em Neurologia e Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e é Formada em Medicina, pela UFJF-MG. Também é Especialista em Eletroencefalograma pelo Hospital São Paulo (UNIFESP).